Aceite o convite do All About Portugal e parta à descoberta de algumas das mais importantes Judiarias de Portugal. Parte ativa e fundamental na História de Portugal ao longo dos séculos, os judeus deixaram marcas profundas que ainda hoje persistem nas vilas e cidades portuguesas. Percorra o que resta das ruas sombrias e sinuosas dos antigos bairros judeus onde, entre paredes e murmúrios, a comunidade sefardita soube preservar as suas tradições e práticas religiosas, resistindo à intolerância, à perseguição da Inquisição e até à expulsão, em 1496. Deixe-se fascinar pela sua riquíssima história. Visite sinagogas no ativo, reconheça a influência na arquitetura e no urbanismo das localidades serranas e atente no nome das ruas – muitos ser-lhe-ão familiares.

Museu Judaico de Belmonte

Museu Judaico de Belmonte

Chamados de “marranos” pelos locais, os judeus de Belmonte sobreviveram à Inquisição mesmo quando todas as restantes comunidades judaicas e muçulmanas desapareceram. Isolados do mundo exterior, praticaram os seus ritos e tradições em segredo. Calcorreie o que resta da Antiga Judiaria, no centro histórico, visite a Sinagoga e, claro, o Museu Judaico. As peças expostas, usadas durante séculos no quotidiano e no culto religioso dos judeus residentes, vão guiá-lo neste início de viagem pela Rota das Judiarias de Portugal.

Casa de Aristides de Sousa Mendes - Carregal do Sal

Casa de Aristides de Sousa Mendes - Carregal do Sal

Não é uma judiaria mas, pelo simbolismo que carrega, é de passagem obrigatória para quem procura traçar a Rota das Judiarias de Portugal. Edifício imponente do século XIX, a Casa do Passal, em Cabanas de Viriato, Carregal do Sal, foi habitada pelo cônsul Aristides de Sousa Mendes que, durante a Segunda Grande Guerra, concedeu vistos a milhares de judeus, que encontraram refúgio em Portugal. Monumento Nacional desde 2011 e alvo de profundas obras de reabilitação, será convertida em museu de memória às vítimas do Holocausto.

Casa da Memória Judaica - Castelo Branco

Casa da Memória Judaica - Castelo Branco

Entre a Rua D’Ega e as muralhas do castelo, localizava-se a Judiaria de Castelo Branco que, a partir de 1500, acolheu judeus expulsos de Espanha. Estima-se que a população tenha crescido então cerca de 60 por cento, mudando a face e a história da comunidade albicastrense. Percorra os caminhos empedrados da Velha Judiaria e aproveite para visitar a Casa Memória da Presença Judaica. Além dos objetos associados aos ritos religiosos e do quotidiano, fique a conhecer algumas personalidades judias locais e aprenda o nome das 21 vítimas mortais da Inquisição.

Judiaria de Castelo de Vide

Judiaria de Castelo de Vide

Entre o Castelo e a Fonte da Vila, descubra a judiaria de Castelo de Vide. As ruas e vielas de traçado sinuoso vão revelando as marcas de uma longa história, basta estar atento aos pormenores. Repare nas casas, de duas portas: uma para a loja, no piso térreo, e outra para as escadas de acesso aos pisos superiores, que serviam de habitação. Também a toponímia é reveladora: Rua Nova (onde viviam os cristãos-novos, judeus convertidos ao cristianismo), Rua da Judiaria ou Rua do Arçário (tesoureiro da comunidade).

Praça do Giraldo - Évora

Praça do Giraldo - Évora

A Inquisição foi implacável em Évora e, talvez por isso, pouco resta daquela que chegou a ser uma das maiores Judiarias do país. Das duas Sinagogas, do hospital, da escola, da estalagem para banhos rituais ou da Ouvidoria (tribunal judaico) que existiram durante o século XV, nem vestígios. Ainda assim, nas labirínticas vielas que circundam a Praça do Giraldo, ainda pode ver exemplos da herança judaica, como os portais ogivais góticos que ornamentavam as casas dos judeus locais.

Museu Sinagoga Isaac Bitton - Faro

Museu Sinagoga Isaac Bitton - Faro

Sabia que a judiaria de Faro foi berço da imprensa portuguesa? Foi ali que, em 1487, pela mão do judeu Samuel Gacon, foi editado o primeiro livro impresso em Portugal — o Pentateuco, em hebraico. Expulsos em 1496, a comunidade viria a renascer no século XIX, com a chegada de judeus vindos de Gibraltar e Marrocos. Do segundo fôlego do Judaísmo no Algarve restou um cemitério que, depois de restaurado na década de 90, passou a albergar, em 2007, o Museu Sinagoga Isaac Bitton, onde pode ver o Pentateuco.

Antiga Judiaria da Guarda

Antiga Judiaria da Guarda

Dê um passeio pelo antigo bairro judeu da Guarda e sinta-se a viajar ao passado. Atente nas casas baixas de duas portas, procure as marcas de cruzes nas portas e ouças as histórias que muitos se orgulham de contar. Sabia que, durante a Segunda Guerra Mundial, terão passado cerca de 30 mil judeussó pela fronteira de Vilar Formoso? Aproveite a proximidade e visite o Museu “Vilar Formoso Fronteira da Paz”, memorial aos refugiados das perseguições nazis e ao cônsul Aristides de Sousa Mendes. Conheça a história deste “super-herói” português.

Sinagoga de Lisboa

Sinagoga de Lisboa

Mais do que uma herança, a história e as tradições judaicas são parte da identidade de Lisboa, tão profundas são as marcas cravadas ao longo dos séculos. Comece por um passeio pelo típico Bairro de Alfama, onde na Idade Média se situava um das Judiarias da cidade. No Largo de São Domingos, observe o memorial que recorda o massacre de milhares de judeus na Páscoa de 1506. Descubra os nomes de astrónomos e empresários judeus que participaram nos Descobrimentos e conheça os locais que serviram de porto seguro aos refugiados da Segunda Guerra Mundial. Procure a Sinagoga para saber mais sobre a comunidade israelita na capital.

Museu do Holocausto do Porto

Museu do Holocausto do Porto

Em 1938, enquanto na Alemanha as Sinagogas eram queimadas, a Comunidade Israelita do Porto inaugurava, na Invicta, a maior Sinagoga da Península Ibérica. E, em 2021, abriu portas o Museu do Holocausto do Porto, que pretende retratar a vida judaica antes, durante e após a grande barbárie. O espaço inclui uma sala de nomes de vítimas do nazismo, um memorial da chama, fotografias, cinema e reproduções de um dormitório e da entrada do campo de extermínio de Auschwitz. Recordar e refletir, para que nunca se repita.

Antiga Sinagoga de Tomar

Antiga Sinagoga de Tomar

Teve existência atribulada a Sinagoga de Tomar, único templo judaico da proto-renascença em Portugal. Erguida em meados do século XV, rapidamente foi encerrada, tendo sido utilizada para fins diversos ao longo dos séculos, inclusive como prisão. Monumento Nacional desde a década de 20 do século passado, alberga atualmente o Museu Luso-Hebraico Abraão Zacuto, que reúne livros e objetos ligados às tradições judaicas, bem como um vasto conjunto de lápides.