Conheça 10 equipas portuguesas de futebol com história
Já brilharam em grandes estádios, mas hoje competem em divisões secundárias. Há equipas portuguesas de futebol que têm dezenas de participações na Primeira Liga e que atualmente lutam para regressar ao “convívio dos grandes”. Fique a conhecer algumas destas equipas.
Um campeonato nacional, presenças nas competições da UEFA e jogadores num Mundial são alguns dos “feitos” de várias equipas portuguesas de futebol com grande história, mas que atualmente se encontram a competir longe dos grandes palcos. Os motivos para a “queda” destes clubes, alguns dos quais tiveram de recomeçar dos escalões mais baixos do futebol distrital, são vários e vão desde dificuldades financeiras, má gestão e descidas na secretaria a, simplesmente, perda de competitividade desportiva. Vários dos estádios onde foram alcançados os maiores feitos destas 10 equipas já não existem, mas a maior parte continua a ter adeptos leais e dedicados, que alimentam a esperança de voltarem a ver o clube do coração regressar à ribalta do futebol em Portugal. Se gosta de curiosidades ligadas ao futebol desfrute deste artigo do All About Portugal em que não faltam referências a José Mourinho, Zinédine Zidane, Edgar Davids, João Cancelo ou Deco.
CF " Os Belenenses"
Até ao ano 2000, este popular clube de Lisboa podia orgulhar-se de ser o único emblema a sagrar-se campeão nacional de futebol em Portugal para além dos três apelidados “grandes”: Benfica, FC Porto e Sporting. A partir daí passou a dividir o mérito desse feito alcançado em 1945/46 com o Boavista e, apesar de não competir na Primeira Liga desde 2017/18, continua a ser o quinto clube com mais presenças no principal campeonato, num total de 77, sendo só superado pelos três principais clubes e pelo Vitória Sport Clube (também conhecido como Vitória de Guimarães). Para além do título nacional, tem ainda no palmarés três Taças de Portugal, a última conquistada na época 1988/89. Tem também mais de uma dezena de participações nas competições europeias, desde a Taça UEFA (hoje Liga Europa) às extintas Taça das Cidades com Feiras, Taça das Taças e Taça Intertoto. Teve três jogadores a representar Portugal no Mundial de 1986 e foi o clube convidado para defrontar o Real Madrid na inauguração do Estádio Santiago Bernabéu. O Estádio do Restelo é considerado um dos mais bonitos de Portugal e um dos seus maiores craques foi o goleador Matateu, que em 13 épocas, entre 1951 e 1964, marcou 220 golos em 280 jogos.
Vitória de Setúbal
Detentora de três Taças de Portugal, a última em 2004/05 e uma Taça da Liga, em 2007/08, esta é outra das equipas portuguesas de futebol com mais história e que, atualmente, se encontra “perdida” nas divisões secundárias. Conta com 72 presenças na Primeira Liga e viveu a sua melhor fase na década de 70, quando se sagrou vice-campeã por uma vez e ficou no lugar mais baixo do pódio por três vezes, sob o leme de José Maria Pedroto, treinador marcante no futebol português. Foi também nesse período que alcançou por duas vezes os quartos-de-final da Taça UEFA. Ao todo, regista mais de 15 participações nas competições europeias. O avançado nigeriano Rashid Yekini foi dos jogadores mais conhecidos internacionalmente a vestir a camisola do Vitória Futebol Clube. Na época 1993/94 sagrou-se melhor marcador do campeonato português e foi convocado para representar o seu país no Mundial de 1994, competição em que marcou um golo, cujo festejo agarrado às redes ainda é relembrado por muitos. Chegou a ser eleito o melhor jogador africano, venceu uma Taça das Nações Africanas e também participou nos Jogos Olímpicos. A última época do clube na Primeira Liga foi 2019/20.
Académica de Coimbra
É conhecida como a equipa dos “estudantes”, dada a sua estreita ligação com a Universidade de Coimbra e com o facto de durante muitos anos ter tido maioritariamente alunos universitários nos seus plantéis. Tem 64 presenças na Primeira Liga, a última em 2015/16, e é uma das equipas portuguesas de futebol com mais história e tradição. A sua melhor classificação de sempre foi obtida na época 1966/67, quando foi vice-campeã nacional. Tem duas Taças de Portugal, uma em 1938/39, a primeira da história, e a outra em 2011/12, numa equipa em que pontificavam Cédric Soares e Adrien Silva, que em 2016 se sagraram campeões europeus por Portugal. Também Éder, o “herói” dessa conquista histórica, alinhou durante quatro épocas na Académica. O clube participou por quatro vezes nas competições europeias, tendo chegado aos quartos-de-final da Taça das Taças em 1969/70. Um dos seus treinadores mais famosos foi André Villas-Boas, na sua estreia como técnico principal, na época 2009/10. Seguiu-se o Futebol Clube do Porto, onde conquistou o campeonato, Taça de Portugal e uma Liga Europa, e passagens por clubes como Chelsea ou Tottenham. Sérgio Conceição também passou no clube como treinador e jogador nas camadas jovens.
Beira-Mar
O ponto alto da história deste popular clube da cidade de Aveiro foi alcançado na época 1998/99 quando conquistou a única Taça de Portugal do seu palmarés. Tudo graças a um golo de Ricardo Sousa, filho do técnico António Sousa, que também jogou no clube e que venceu uma Taça dos Clubes Campeões Europeus pelo Futebol Clube do Porto em 1986/87. Curiosamente, a época que termina com o troféu mais importante da história do clube acabou por ser agridoce, pois culminou também com a descida de divisão. Deste modo, a sua única participação numa competição europeia, na Taça UEFA, ocorreu quando a equipa estava a competir na Segunda Liga. A melhor classificação de sempre no principal escalão foi um sexto lugar em 1990/91, em igualdade pontual com o quinto classificado. Uma das estrelas da equipa era o médio egípcio Magdi Abdelghani, que representou o seu país no Campeonato do Mundo de 1990. Embora tenha sido na fase descendente da sua carreira, Eusébio, antiga glória de Benfica e da seleção de Portugal, terá sido o jogador de maior renome que envergou a camisola amarela e preta do Beira-Mar. Regista 27 participações na Primeira Liga, a última em 2012/13.
Barreirense
Longe vão os tempos em que o Barreirense era visto como um “viveiro” de grandes jogadores para o futebol português e “dava cartas” na Primeira Liga. A sua melhor classificação foi um quarto lugar em 1969/70, num plantel em que um dos destaques era o guarda-redes Manuel Bento, que brilhou no Benfica e na seleção portuguesa. Já na Taça de Portugal, o clube alcançou por cinco vezes as meias-finais nas décadas de 40 e 50, as duas últimas em 1956/57 e 1957/58, em plantéis em que brilhava o avançado José Augusto, que viria a ganhar duas Taças dos Clubes Campeões Europeus no Benfica e a contribuir para o terceiro lugar de Portugal no Mundial de 1966. Outros grandes jogadores a fazer a “viagem” do Barreiro para o Benfica foram Chalana e Carlos Manuel. Dos tempos atuais, João Cancelo, natural da cidade “industrial”, foi o melhor jogador a representar o Barreirense, ainda que nas camadas jovens, antes de representar clubes como Inter de MiIão, Juventus, Manchester City ou Bayern de Munique. A última aparição, de um total de 24, do Barreirense no principal campeonato ocorreu em 1978/79 e o Estádio D. Manuel de Mello, que chegou a receber um jogo da Taça das Cidades com Feiras, foi demolido em 2008.
Salgueiros
Ainda que apenas tenha representado o clube durante seis meses, o luso-brasileiro Deco terá sido o futebolista mais bem-sucedido que alguma vez representou este popular clube da cidade do Porto. O médio internacional português conquistou, ao longo da sua carreira, duas Ligas dos Campeões e uma Liga Europa, tendo representado com sucesso FC Porto, Barcelona e Chelsea. Outro jogador internacionalmente conhecido que representou o Salgueiros na Primeira Liga, e também nas camadas jovens, foi Ricardo Sá Pinto, avançado que foi ídolo de Sporting e Real Sociedad. O Salgueiros soma 24 participações na divisão principal, a maior parte nas décadas de 80 e de 90, e a sua melhor classificação foi um quinto lugar em 1990/91, que valeu uma inédita qualificação para a então Taça UEFA. Nesse que foi o seu único confronto europeu, o Salgueiros enfrentou os franceses do Cannes, onde começava a despontar Zinédine Zidane. A última presença na Primeira Liga ocorreu em 2001/02 e o clube chegou a ficar sem competir após problemas financeiros. Regressou ao futebol em 2008/09 nos Distritais do Porto com um grande apoio dos seus fiéis adeptos, já fora do histórico Estádio Vidal Pinheiro, demolido em 2006.
Atlético
É, das 10 equipas portuguesas de futebol mencionadas neste artigo, aquela que não milita na Primeira Liga há mais tempo, isto apesar das suas 24 presenças lhe continuarem a garantir um lugar no “top 20”. Este histórico clube de Lisboa viveu os seus tempos áureos na longínqua década de 40, com dois terceiros lugares nas épocas 1943/44, naquela que foi a sua estreia, e 1949/50, quando apenas ficou atrás de Benfica e Sporting. Nessa altura “dourada” do clube atingiu ainda por duas vezes a final da Taça de Portugal, em 1945/46 e 1948/49. O Atlético foi somando participações na Primeira Liga nas décadas de 50, 60 e 70, tendo a última presença ocorrido em 1976/77. Ao contrário de outros clubes, conseguiu conservar o emblemático Estádio da Tapadinha, inaugurado em 1926, até hoje. Um dos jogadores mais titulados que representou o clube durante várias épocas foi Germano de Figueiredo, defesa central, que viria a conquistar duas Taças dos Clubes Campeões Europeus pelo Benfica e que também seria convocado para representar Portugal no Mundial de 1966. As suas primeiras internacionalizações foram alcançadas precisamente ao serviço do Atlético.
Varzim
Eis outro clube da zona do Porto que tem uma massa associativa bastante fiel e dedicada, apesar de já não jogar na Primeira Liga desde 2002/03, naquela que foi a sua 21.ª participação na divisão principal. A sua melhor classificação foi um quinto lugar em 1978/79, num altura “dourada” para o clube, pois esse feito foi conseguido entre duas presenças nas meias-finais da Taça de Portugal em 1977/78 e 1979/80, que viriam a repetir em 1984/85. António André e Lima Pereira, que se sagraram campeões europeus pelo FC Porto em 1986/87, foram dos jogadores mais conhecidos a representar o clube. Outros atletas que levaram o nome do Varzim além fronteiras foram os angolanos Figueiredo e Mendonça, que representavam os “lobos do mar”, quando foram convocados para o Mundial de 2006. Outro angolano famoso que representou o Varzim foi o ponta -de -lança Vata Matanu Garcia, que marcou um golo polémico pelo Benfica, numa meia-final da Taça dos Clubes Campeões Europeus frente ao Marselha, a fazer lembrar a famosa “mão de Deus” de Maradona. O Varzim tem tradição na formação de atletas, sendo o caso mais mediático o de Bruno Alves, campeão da Europa em 2016.
Olhanense
Presença constante na Primeira Liga na década de 40 do século passado, o clube da cidade algarvia de Olhão conta com 20 participações na divisão principal. Até à época 1974/75 foi competindo entre “os grandes” e só retomou 35 temporadas depois em 2009/10, e onde permaneceu até 2013/14. Os anos 40 foram mesmo a era “dourada” do clube tendo alcançado um quarto lugar histórico em 1945/46, que ainda perdura como a melhor classificação de sempre de um clube do Algarve na Primeira Liga. Também foi nessa altura, mais precisamente em 1944/45, que o clube esteve perto de conquistar a Taça de Portugal, sendo derrotado apenas na final pelo Sporting. O avançado Fernando Cabrita, selecionador de Portugal no Europeu de 1984, era um dos craques dessa equipa e foi convocado para representar o país quando alinhava no Olhanense. Quem também passou pelo clube, mas como treinador, foi Edgar Davids, antiga estrela holandesa que representou emblemas como Ajax, AC Milan, Juventus ou Barcelona. A experiência, que não foi muito bem sucedida, teve lugar em 2020/21 quando o clube militava no Campeonato de Portugal, o quarto escalão do futebol luso.
União de Leiria
Este clube, que não disputa a Primeira Liga desde 2011/12, está indelevelmente ligado à carreira recheada de títulos de José Mourinho. De facto, apesar de só ter treinado a equipa de Leiria durante meia época (2001/02), foi o seu bom desempenho naquela que era a sua segunda experiência como técnico principal que o catapultou para o FC Porto, onde viria a conquistar uma Liga dos Campeões e uma Liga Europa, feitos que viria a repetir, respetivamente, ao serviço do Inter de Milão e do Manchester United. Treinou ainda Chelsea, Real Madrid, Tottenham e AS Roma, onde conquistou uma Liga Conferência. Ao todo, o União de Leiria soma 18 participações e as suas melhores classificações de sempre foram dois quintos lugares. O primeiro em 2000/01, quando o treinador era Manuel José, vencedor de quatro Ligas dos Campeões de África, e em 2002/03, época em que também foi à final da Taça de Portugal. O clube chegou por duas vezes à antiga Taça UEFA e em 2004 alcançou a final da Taça Intertoto. O brasileiro Derlei e o internacional português Nuno Valente, que acompanharam José Mourinho na ida para o FC Porto e nas conquistas da Liga dos Campeões e da Liga Europa, foram dos melhores jogadores a representar o União de Leiria.
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