Cinéfilo desde que se lembra, Paulo Cunha move-se pelo cinema no Porto (e pelo país), como peixe dentro de água. O seu “currículo” vem apenas confirmar aquilo que fica logo claro em poucos minutos de conversa: muitos dos caminhos da sua vida vão dar à Sétima Arte.
O seu percurso pelo cinema é tão extenso, que dava uma longa-metragem, com direito a várias sequelas. É Doutor em Estudos Contemporâneos pela Universidade de Coimbra e Vice-presidente do Departamento de Artes da Universidade da Beira Interior (onde leciona Cinema e Media Artes), é programador no Cineclube de Guimarães, no Batalha Centro de Cinema e no festival Curtas Vila do Conde, fez parte do júri de festivais como o Indie Lisboa ou o CineEco e em concursos artísticos e científicos, como o da Fundação Calouste de Gulbenkian. E não fica por aqui.
Mas o que realmente importa é que conseguiu tornar duas das suas paixões no foco do seu trabalho: História e Cinema. A primeira permite-lhe “conhecer o presente através do passado” e a segunda “imaginar o futuro através do presente”. E quando lhe fazemos a clássica pergunta “que filme levarias para uma ilha deserta”, revira os olhos (como se a resposta fosse impossível “Só um?”) e dispara alguns títulos incontornáveis para si: “Os Verdes Anos” (Paulo Rocha), “Cinema Paraíso” (Giuseppe Tornatore), “Mutantes” (Teresa Villaverde) e “Elo” (Alexandra Ramires). Para alguém que quer conhecer um Portugal diverso, fora das grandes áreas metropolitanas, não tem dúvida de que “Aquele Querido Mês de Agosto” (Miguel Gomes) e “Lobo e Cão” (Cláudia Varejão) são obras obrigatórias.
Nem só de cinema se faz a sua vida, já que adora juntar um bom filme a uns deliciosos petiscos (que não lhe faltem as Papas de Sarrabulho, as Tripas ou as Lapas) e viajar é algo que o apaixona, e quando o faz não resiste a incluir no seu roteiro turístico as mais emblemáticas salas de cinema dos locais que visita. Com uma paisagem cinematográfica singular e berço de inúmeros cineastas reconhecidos internacionalmente, a Invicta é também um excelente destino para qualquer cinéfilo. Quer se prefira o cinema independente, o experimental, a animação ou os blockbusters, não faltam locais para ver cinema no Porto. O Paulo Cunha sugere-nos alguns. Acompanhe o All About Portugal e deixe-se levar pela magia do cinema.
Batalha Centro de Cinema
É, desde final de 2022, a nova coqueluche cultural de cinema no Porto e um local de peregrinação, não só para amantes do Cinema, como para apreciadores de Arquitetura e Pintura. Ergue-se nos anos 40, a cargo do arquiteto Artur Andrade, com pinturas de Júlio Pomar e um alto relevo na fachada de Américo Braga. Mas em 2000 mostra-se incapaz de fazer frente à concorrência das grandes superfícies comerciais. Em 2012 é classificado Monumento de Interesse Público, o que salvaguarda a sua integridade enquanto obra arquitetónica. Hoje, a sua programação inclui a apresentação de retrospetivas, ciclos temáticos, focos em práticas contemporâneas e ligações entre o cinema e outras artes.
Passos Manuel
É o sítio ideal para usufruir do melhor de dois mundos: o Cinema e a Música. Com uma história recente fortemente ligada à vida noturna portuense, aqui o ambiente é intimista e a programação – tanto musical como cinematográfica – eclética e alternativa. A sua história começa em 1971, quando abriu como sala de cinema do Porto, parte do Coliseu. Em 2004 ganhou uma nova vida: foi adaptado como sala de espetáculos, bar e discoteca. No campo cinematográfico aposta sobretudo na parceria com festivais e mostras independentes, afirmando-se como uma escolha paralela, no Porto, no que diz respeito à Sétima Arte.
Cinema Trindade
Situado em plena “movida portuense”, em 2017 este cinema histórico da baixa do Porto renascia das cinzas! Com duas salas, cerca de 350 lugares e várias sessões diárias, aqui celebra-se o melhor da Sétima Arte e a programação abarca um eclético leque, que anda entre o cinema mais alternativo e filmes que passaram pelos Óscares. A sua história começa em 1913 – como “Salão Jardim da Trindade” – como cinema, salão de festas e café com bilhares. Só em 1957 muda o nome para “Cinema Trindade”, após uma remodelação a cargo dos arquitetos Viana de Lima e Agostinho Ricca, que o transformam numa plateia e balcão de cinema.
Casa da Animação
Num ano em que a animação portuguesa está nas bocas do mundo – com a nomeação do filme «Ice Merchants», de João Gonzalez, para o Óscar de Melhor Curta de Animação – uma visita à Casa da Animação é quase obrigatória, para os verdadeiros amantes de filmes. Como associação cultural sem fins lucrativos, a sua atividade inclui a curadoria na área da exibição e exposições, a formação, conferências, encontros e masterclasses especialmente pensadas para profissionais e estudantes da área. Mas a sua importânciaultrapassa as fronteiras do cinema no Porto, já que assume anualmente a curadoria internacional de um evento único a nível mundial: a Festa Mundial da Animação.
Laboratório de Cinema da Torre
Ver e revelar cinema no Porto? Check! Instalado numa torre medieval do século XIII, em pleno centro histórico da Ribeira, Património Mundial da UNESCO, o Laboratório de Cinema da Torre é um projeto cultural singularíssimo, que foca a sua atenção nos meios analógicos, nomeadamente em película de formato Super-8, 16mm e 35mm. Criar, experimentar e formar uma massa crítica são os pontos de partida deste laboratório pioneiro na cidade do Porto, aberto ao público em geral, realizadores e amantes de cinema.
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